Minha casa feita de palavras

Gosto de pensar na escrita como a minha casa. 

O meu cantinho empoeirado do mundo, que eu trabalho um dia de cada vez para tentar colocar em algum tipo de ordem (e não, não importa muito que, daqui há umas duas ou três semanas vou enjoar do sistema de organização e querer mudar tudo de lugar outra vez). 

Tem muitos livros nesse meu lugar. 

Muitas, muitas histórias. Algumas, temo eu, jamais chegarão ao mundo dos vivos. Vão ficar aqui, acumulando poeira e teia de aranha. 

É que são muitos cômodos, entende? Muita coisa pra limpar e organizar, e eu sou uma só. 

Só uma pessoa como tantas outras, que tem que sair de casa mais vezes do que gostaria porque o “mundo real” é terminantemente contra deixar as pessoas quietas no canto delas. Ele gosta de dar opiniões, o mundo. Gosta que todo mundo saiba o que ele pensa sobre qualquer que seja o assunto. 

Cansativo, para dizer o mínimo. 

Esse espaço, no fim, é mais uma das minhas tentativas de faxina de casa. Mais um sistema de organização, por assim dizer. 

Penso que é a minha sala de visitas: o lugar onde eu te convido a sentar e tomar um chá, comigo. Meu lugar para contar fofocas e desabafar. Para compartilhar o que me vier à cabeça. 

Quero te contar como tem sido, do lado de cá. 

Como é morar com todas essas histórias, e constantemente esbarrar com novos moradores em um corredor aleatório. 

É tudo meio louco, na verdade, e não tenho como prometer qual vai ser a periodicidade em que visitas serão permitidas. Prometo, em vez disso, que vou contar causos com a mesma paciência e riqueza de detalhes que a minha avó, de quem roubei a ideia para o título deste espaço. 

Agora, por favor, sente-se. Fique à vontade, sim? 

Vou aumentar um ponto, a cada conto.

Júlia Marques